Você está lendo esta notícia, então isso significa que você
tem internet – e, consequentemente, deve ter lido pelo menos alguma coisa a
respeito da discussão recente entre o rapper B.o.B e o astrofísico mais querido
da internet, Neil deGrasse Tyson.
O motivo da treta? O músico afirma que tem provas de que a
Terra é plana e resolveu fazer uma música criticando o cientista – além de
afirmar que os governantes são parte da civilização reptiliana.
B.o.B fez uma música chamada Flatline, cutucando o
astrofísico Neil de Grasse Tyson. O cientista não deixou barato e respondeu,
primeiro com uma música, “Flat to Fact” (Do plano para os fatos) e depois em um
quadro no canal Comedy Central
É claro que B.o.B não está sozinho: existem muitas pessoas
por aí que realmente acreditam que não vivemos em um planeta esférico, mas em
um imenso disco coberto por um domo de vidro impenetrável.
Isso acarreta na “desmistificação” de diversos outros
acontecimentos que, segundo a galera que acredita na teoria, são obras das entidades
supremas do mundo que contribuem para o processo de lavagem cerebral da
humanidade.
Mas quais são os principais argumentos do pessoal que não
acredita no que Pitágoras já dizia em 600 a.C.? Como os atuais
conspiracionistas da Terra plana defendem sua posição? Aqui estão os principais
pontos:
Gravidade? Bobagem!
Talvez uma das primeiras perguntas que surjam quando alguém
afirma que a Terra plana é: e a gravidade? A força que nos mantém no chão, que
faz com que o planeta gire em torno do sol – e tem gente que não acredita nisso
também – e que, por fim, suporta a teoria de que a Terra é esférica, não passa
de uma grande bobagem, na opinião daqueles que acreditam na teoria.
O que acontece, segundo o pessoal do The Flat Earth Society
(sim, eles existem), é uma coisa chamada de “Aceleração Universal”. Ela
consiste em um movimento constante para cima, o que explica o fato de que,
quando você pula, não é o seu corpo que volta, mas é a Terra que vai em direção
aos seus pés.
O que causa o movimento? Ninguém sabe explicar ao certo, já
que diferentes teorias trazem ideias divergentes, como uma massa de energia que
fica “puxando” a Terra, sem mais detalhes sobre como isso acontece.
O céu é um imenso domo de vidro
Aqui cabe a observação de que não são todos os conspiracionistas
que acreditam nesse argumento, mas, ainda assim, tem gente que afirma que o
nosso céu não passa de um imenso domo impenetrável feito de vidro – e que tudo
que está lá em cima é falso e não passa de uma ilusão criada para que não
possamos ver o que realmente acontece lá fora, além de “prender” a atmosfera
para que possamos sobreviver.
A origem dessa parte da teoria tem raízes bíblicas, puxando
as referências de que Deus coloca um “firmamento” sobre a Terra. O que para
alguns pode ser apenas uma interpretação mal feita, para outros é apenas uma
parte de um esquema feito para nos iludir, que também inclui mecanismos de
projeção para formar as estrelas e a lua que vemos durante a noite.
Um episódio que, infelizmente, é utilizado com frequência
pelos terraplanistas para suportar sua crença sobre a existência do domo de
vidro é o acidente com o ônibus espacial Challenger, que completou 30 anos no
dia 28 de janeiro de 2016. Os conspiracionistas afirmam que a nave explodiu
pois colidiu com a suposta proteção.
Quem foi responsável pela colocação do domo? A culpa da
coisa toda, é claro, fica com quem não pode se defender: os pobres alienígenas.
Todas as fotos da Terra e do espaço são montagens
Um dos grandes problemas em criar uma teoria absurda é que
ela pode ser refutada com quantidades absolutamente abismais de materiais
gráficos, como fotos e filmagens. Qual é a saída mais sensata para se esquivar
dessa, então? Simples: diga que tudo que se vê por aí é montagem.
Tudo bem se você não acredita que o homem foi para a lua e
que todas as fotos e filmagens da época foram feitas em um estúdio em Hollywood
sob o olhar de Stanley Kubrick, mas negar as imagens de diversas estações
espaciais vindas de diferentes países é um nível completamente diferente de
desconfiança.
O que os terraplanistas afirmam é que, basicamente, a NASA e
as demais organizações estão há 70 anos trollando a humanidade – e você aí,
achando que manjava de Photoshop.
Cadê as curvas?
Essa é clássica: se a Terra é redonda, por que não
conseguimos ver essa curvatura quando olhamos para o horizonte? Se você ignorar
o fato de que estamos falando de uma esfera com quase 13 mil quilômetros de
diâmetro e que ver a curvatura nunca será possível em baixas altitudes, a
pergunta até faria sentido.
Porém, como explicamos, toda imagem dos limites da Terra e
que mostram suas belas curvas são consideradas montagens, então os
terraplanistas preferem acreditar no que os seus olhos veem – e eles só veem um
horizonte plano.
Existe até um site no Brasil alegando que a teoria é
real: www.aterraeplana.com
O sol está bem mais próximo do que você imagina
OK, então nós vivemos numa imensa panqueca interestelar. No
centro dela está o Polo Norte, e a Antártida fica espalhada pelas bordas. Segundo
a teoria da Terra plana, o heliocentrismo também é uma tremenda bobagem:
enquanto nosso planeta sobe enlouquecidamente rumo ao infinito, somos
iluminados por uma bola de fogo que fica bem mais próxima do que você imagina –
além de ser substancialmente menor, segundo os conspiracionistas.
Falando em números, o astro-rei ficaria a 4,8 mil
quilômetros de distância e teria apenas 51 quilômetros de diâmetro. Ele ficaria
circulando o imenso disco em sentido horário. Dada a distância e a dimensão do
Sol, sua luminosidade só alcançaria uma área limitada, o que explicaria o ciclo
de dia e noite.
O único problema com essa afirmação é que ela não explica
muito bem as variações nas estações em diferentes regiões do planeta e nem os
fenômenos de iluminação nos polos – além de não fazer o menor sentido se
lembrarmos que os terraplanistas dizem que não existe gravidade. Mas, ei, quem
se importa, certo?
É claro que qualquer um pode acreditar no que bem entender:
raças reptilianas, organizações maçônicas que controlam o mundo, seitas
satânicas responsáveis por conduzir a lavagem cerebral na humanidade através da
televisão e até mesmo que estamos voando em um imenso frisbee que aguarda para
ser abocanhado por um cão intergaláctico.
Entretanto, a ideia de que habitamos uma coisinha azul
rechonchuda que fica dando voltas por aí parece bem mais agradável. Além do
mais, Neil deGrasse Tyson sabe como encerrar uma treta com estilo:
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